A concentração de gases do efeito estufa na atmosfera continua a crescer, apesar de todos os esforços mundiais e discursos inflamados de líderes políticos para reduzi-la. Em 2008, chegou ao índice mais alto registrado desde o início da era industrial, segundo um relatório divulgado ontem pela Organização Mundial de Meteorologia (WMO, em inglês).
Desde 2007, quando foi assinado o Protocolo de Kyoto - tratado internacional para baixar as emissões -, o aumento foi de 6,5%.A concentração de dióxido de carbono (CO2), gás que mais contribui para o problema do aquecimento global, chegou a 385,2 ppm (partes por milhão), com potencial para chegar a 390 ppm já no ano que vem. "Faz um milhão de anos que não chegamos a 390 ppm", disse o físico John Barnes, diretor do Observatório de Mauna Loa, no Havaí, um dos que contribuem com informações para a WMO. Em relação à era pré-industrial (antes de 1750), o aumento foi de 38%. "Temos de pensar o que é que isso vai causar." O limite considerado "seguro" pela maioria dos cientistas, para evitar mudanças climáticas mais catastróficas, é 450 ppm.O dano é considerado tão grave que, mesmo se o mundo interrompesse todas as emissões de CO2 hoje, em cem anos haveria ainda uma concentração de gases de efeito estufa 30% superior à de 1750. "O aumento é exponencial", afirmou Michel Jarraud, secretário-geral da WMO. A entidade estrategicamente divulgou sua avaliação às vésperas da cúpula mundial do clima realizada pela ONU, no mês que vem, em Copenhague. E pede que haja um acordo ambicioso até o fim do ano sobre emissões de CO2.
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